Nova rúbrica, dedicada às séries de televisão que fazem e fizeram história. Já muitas vezes fiz posts que referiam os meus gostos em termos de séries, agora vou fazer uma abordagem um pouco mais profunda. Vou também recrutar, pela primeira vez, amigos e outros bloggers, para falarem sobre as séries que seguem com mais atenção. Esta primeira tentativa será escrita por mim, mas as próximas serão feitas por participações especiais. Caso queiram vocês participar é simples, mandem-me o vosso contributo para aqui que eu, na devida altura, farei com que esteja online. Não há requisitos prévios, tem de ser apenas a vossa abordagem de uma série televisiva, contemporânea ou não.
Vou começar por um clássico. Quantum Leap. Não foi um sucesso estrondoso como The X-Files, passou inclusive, muito despercebida pelo nosso país, mas, continua a ser uma das séries que mais guardo na memória.
Premissa: Acreditando na possibilidade de podermos viajar no tempo, Sam Beckett, entra numa máquina do tempo e inicia uma viagem intemporal. Sam não só viaja no tempo, como em cada salto que dá, encarna uma nova pessoa. Enfrenta reflexos no espelho que não são o seu e, para poder seguir em frente para outro tempo, tem de completar uma missão naquele corpo. Ao seu lado tem Al, um observador do seu tempo, em forma de holograma, que apenas ele pode ver e ouvir. Nas suas viagens vai aproveitando para mudar na história as coisas que estavam mal, sempre na esperança de que o seu próximo salto, fosse um salto para casa.
 Quantum Leap começou em Março de 1989 e, depois de 5 temporadas e 97 extraordinários episódios, acabou em Maio de 1993. Scott Bakula, o protagonista, foi sempre uma grande promessa da televisão, acabando por nunca passar disso mesmo. Foi protagonista de outras séries de televisão e teve alguns pequenos papéis no cinema, nunca triunfando da forma que seria esperada. Bakula é extremamente talentoso e está na posse de um carisma natural, facilitando a empatia com os seus personagens. Mais do que isso, consegue carregar uma série durante 4 anos sem nunca nos cansar.

Al, interpretado pelo não menos brilhante Dean Stockwell, era o personagem cómico da série. Uma espécie de voz da consciência que nos salva sempre que é preciso. A série estava carregada de metáforas como esta. Sam simbolizava uma geração inteira que não sabia quem era, nem para onde ía. Que apenas se queria encontrar. Ou, noutra perspectiva, representava, não uma geração, mas cada individuo. As escolhas que cada um tem de fazer para se definir, para saber quem é. Não somos o que queremos ser, mas o que fazemos para isso.

Indiscutívelmente, estas questões mais sociais que a série apresentava eram o seu pilar. Todos queriamos que Sam encontrasse o caminho para casa porque todos queremos encontrarmo-nos a nós próprios. Tal como em Lost, todos torcemos para que eles saiam da ilha, porque todos queremos, um dia, ser salvos. Mas, Quantum Leap nunca se tornou demasiado moralista ou filosófica porque pretendia, acima de tudo, ser uma série de entretenimento. De ficção científica. As viagens de Sam eram sempre empolgantes e distintas, obrigando-nos a roer as unhas até ao episódio seguinte. Em cada episódio um desafio diferente, num corpo diferente do seu, com pessoas que tinha de falar pela primeira vez, mas fingindo que as conhecia bem.

Apesar de não ter o culto de X-files ou Twin Peaks, Quantum Leap conseguiu ser diferente e, especialmente, agradável de se ver, sem ser demasiado simplista. A todos os que nunca viram o meu conselho é, como não podia deixar de ser, que tentem arranjar forma de a ver. Pode ser que até que a Sic, num dos seus canais temáticos, a reponha e nos dê a oportunidade de viajar no tempo.
P.S. Há pouco tempo surgiram rumores de que a série ia voltar a ganhar vida, com os mesmos actores. Verdade ou não? Secretamente desejo que sim, mas nesta altura não me parece que fosse trazer alguma coisa de novo. Há que saber deixar as coisas ter importância numa época e, depois, deixá-las viver apenas na nossa memória. As primeiras 4 temporadas já foram editadas em DVD e podem ser adquiridas em amazon.com. A 5ª série será editada em DVD no final deste ano.
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Que clássico. Lembro-me razoavelmente de Quantum Leap, apesar de mais tarde ter preferido, dentro da mesma onda, o "Sliders". Esses edições em DVD andam cá por Portugal?
Cumprimentos! O teu blogue está excelente, tanto a nível de conteúdos como de aspecto. Ganhaste um novo cliente habitual. E serás o próximo blogue da semana lá no meu cantinho :)